O programa Universidade Gratuita foi, desde o início, bem aceito pela sociedade catarinense. Afinal, garantir acesso gratuito ao ensino superior para jovens de baixa renda é uma pauta que desperta apoio amplo. Mas entre uma boa ideia e a sua execução eficiente há um caminho que exige responsabilidade — algo que, ao que tudo indica, faltou às entidades envolvidas no programa, incluindo o governo de Santa Catarina.
Nos últimos dias, o Tribunal de Contas do Estado apontou irregularidades graves em mais de 18 mil bolsas concedidas pelo programa. O caso virou tema de investigação policial. O próprio governador Jorginho Mello (PL), na tentativa de conter o desgaste, apresentou representação à Polícia Civil, admitindo a gravidade do problema. Mas a crise não se restringe a ele.
Entre os defensores políticos da proposta no parlamento estava o líder do governo Edilson Massocco, hoje prefeito de Concórdia. No dia da aprovação, foi à tribuna comemorar o que chamou de “um projeto que vai contemplar muitos acadêmicos, muitos estudantes” — destacando a articulação do governo e a unanimidade da votação.
Agora, com o programa sob suspeita e o sonho universitário de milhares de estudantes virando pesadelo — muitos endividados e com o nome no Serasa —, a fatura política precisa ser dividida. Se houve prestígio quando o projeto foi aprovado, é justo que haja cobrança agora que vieram à tona erros graves de gestão, falta de critérios e suspeitas de uso político dos recursos.
A Universidade Gratuita não precisa acabar — ela precisa ser corrigida. Mas seus defensores políticos precisam entender que a responsabilidade não é apenas técnica — é também política.
Foto: Secom SC
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