Primeiramente, o Dia do Turista, comemorado em 13 de junho no Brasil, configura-se mais do que uma simples data no calendário.
Ele representa a valorização de uma atividade que conecta culturas, movimenta economias e transforma tanto os visitantes quanto os anfitriões. Viajar é, em sua essência, um ato de descoberta: do mundo e de si mesmo. Neste dia, refletimos sobre o papel fundamental que o turismo desempenha em nossas vidas, na preservação do patrimônio cultural e natural, e no desenvolvimento sustentável de comunidades ao redor do planeta.
Historicamente, o turismo sempre existiu de forma embrionária, seja nas peregrinações religiosas da Antiguidade, nas explorações marítimas da Era dos Descobrimentos ou nas viagens aristocráticas do chamado "Grand Tour", comum entre jovens nobres europeus no século XVIII. No entanto, foi apenas no século XX, com o avanço da industrialização, o surgimento das férias remuneradas e a popularização dos transportes, que o turismo se consolidou como um fenômeno de massa. O turista moderno passou a ter acesso a diferentes lugares do mundo com mais facilidade, conforto e segurança, transformando o ato de viajar em uma atividade acessível a diferentes camadas sociais.
De outro vértice, o Brasil, com sua vasta extensão territorial e rica diversidade cultural e ambiental, sempre foi um destino de grande potencial turístico. Da Amazônia às praias do Nordeste, das serras do Sul às metrópoles vibrantes como São Paulo e Rio de Janeiro, o país oferece experiências únicas para todos os gostos. Mas o turismo nacional não é apenas receptivo — os brasileiros também são viajantes ativos, explorando outros estados e países em busca de lazer, aprendizado, espiritualidade ou descanso.
Destarte, o Dia do Turista se constitui uma oportunidade para valorizar o papel desse agente transformador. O turista, ao visitar novos lugares, movimenta a economia local: se hospeda, se alimenta, consome produtos e serviços, contrata guias, utiliza transportes. Segundo dados do Ministério do Turismo, o setor é responsável por cerca de 8% do PIB nacional e emprega milhões de pessoas, direta e indiretamente. Em regiões onde outras atividades econômicas são escassas, como áreas de preservação ambiental ou cidades históricas pequenas, o turismo pode ser a principal fonte de renda, garantindo inclusão social e valorização do território.
No entanto, é fundamental lembrar que o turismo deve ser praticado de forma responsável. O conceito de "turismo sustentável" não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. Isso significa respeitar o meio ambiente, a cultura local, os costumes e a integridade das populações anfitriãs. Um turista consciente não deixa lixo na trilha, não desrespeita santuários religiosos, não tira fotos invasivas de comunidades tradicionais, não contribui para o turismo predatório que fere ecossistemas frágeis. Ele entende que sua presença deve ser, acima de tudo, respeitosa e contributiva.
Por conseguinte, a educação para o turismo étema central neste dia. Instituições públicas e privadas têm o dever de promover a sensibilização sobre práticas turísticas saudáveis. Faz-se misterincentivar a valorização dos patrimônios locais desde a infância, formando cidadãos que respeitem sua própria cultura e a dos outros. Além disso, é essencial investir na qualificação dos profissionais do setor, garantindo um atendimento de excelência que represente bem o destino e ofereça experiências enriquecedoras aos visitantes.
Nesse contexto, o Dia do Turista também é um convite à reinvenção. Como viajamos? Por que viajamos? O que buscamos ao visitar um novo lugar? O turismo não deve ser apenas um consumo de paisagens ou monumentos, mas um intercâmbio vivo, uma experiência transformadora que amplia horizontes, quebra preconceitos e fortalece vínculos. O verdadeiro turista não é aquele que apenas tira fotos, mas aquele que observa, aprende, respeita e retorna para casa com a alma enriquecida pela troca cultural.
No Brasil, a diversidade é o nosso maior trunfo turístico. Povos indígenas, quilombolas, imigrantes europeus, asiáticos e árabes, tradições afro-brasileiras, festas populares, culinárias regionais, danças, sotaques, religiões — tudo isso forma um caldeirão de experiências únicas. Cabe ao turista valorizar essas manifestações de forma autêntica, sem folclorizações ou estigmatizações. Cada cultura local deve ser respeitada em sua integridade, e não moldada à expectativa do visitante.
Ademais disso, o turismo pode ser um importante aliado na preservação ambiental. Parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de proteção podem ser mantidos com recursos provenientes de atividades turísticas bem planejadas. Trilhas, passeios, observação de fauna e flora, turismo de aventura e turismo rural são exemplos de como é possível unir lazer e conservação. O turista que compreende essa dinâmica se torna um defensor do planeta, contribuindo para que as futuras gerações também possam desfrutar desses patrimônios.
Destarte, Dia do Turista não é uma celebração apenas dos que viajam, mas de todo um sistema que envolve planejamento, acolhimento, investimento e consciência. Celebramos o turista que explora com curiosidade, que respeita com humildade, que aprende com entusiasmo. Celebramos os profissionais que tornam as viagens possíveis: guias, agentes, recepcionistas, cozinheiros, artesãos, motoristas, anfitriões. E celebramos também os destinos, que se abrem ao mundo com generosidade e coragem.
Em epítome, viajar é um direito. O turismo deve ser acessível, inclusivo, democrático. Pessoas com deficiência, idosos, crianças, famílias de baixa renda — todos têm o direito de conhecer e desfrutar o mundo. Isso exige políticas públicas sérias, infraestrutura adequada, preços justos e, acima de tudo, vontade política. O turismo como direito humano ainda é repto, mas também uma meta urgente num mundo que precisa de mais pontes e menos muros.
Neste 13 de junho, que cada turista — real ou em potencial — possa refletir sobre o impacto de suas escolhas. Que cada destino se prepare para acolher com autenticidade. Por final, o Brasil, com toda sua riqueza humana e natural, possa continuar sendo um país de encantos para quem chega, e de orgulho para quem o vive.
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos - Jornalista (MT/SC 4155)
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