Diante do crescente volume de reclamações e da pressão de estudantes que seguem sem resposta sobre o Programa Universidade Gratuita, a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe) anunciou nesta semana a criação de uma Central de Atendimento ao Estudante. A iniciativa, apresentada como forma de escuta e acolhimento, soa também como uma admissão, ainda que indireta, dos gargalos do programa que o governo estadual insiste em não reconhecer oficialmente.
A medida surge em meio a denúncias de cortes, atrasos e confusão nos critérios de distribuição das bolsas. Estudantes que estavam aptos e contavam com o benefício relatam frustração, enquanto o governo do Estado mantém silêncio. A responsabilidade de ouvir os prejudicados, agora, foi transferida à Acafe.
Segundo dados divulgados pela própria entidade, em 2025 foram concedidas 41.707 bolsas a estudantes das 13 universidades comunitárias vinculadas ao sistema, que hoje somam 77.302 alunos presenciais. Isso representa pouco mais da metade dos estudantes beneficiados – número significativo, mas insuficiente para dar conta da demanda crescente alimentada pelas promessas iniciais do programa, como a da “universidade gratuita para todos”.
Em nota, o presidente da Acafe e reitor da Uniplac, Kaio Henrique do Amarante, reconheceu que há estudantes não contemplados e justificou a criação do canal como forma de “entender suas demandas”. A declaração, ainda que diplomática, contradiz o discurso triunfalista do governo Jorginho Mello, que até aqui evita comentar publicamente os problemas de execução da política que virou vitrine da atual gestão.
Embora os números oficiais apontem para um aumento nos investimentos – de R$ 663,2 milhões para R$ 887 milhões neste ano –, a ausência de critérios claros, falta de transparência nas seleções e comunicação institucional falha têm contribuído para o desgaste do programa.
A Central de Atendimento, anunciada como um avanço no diálogo, reforça a percepção de que há uma crise de gestão no interior do Universidade Gratuita – uma política pública que nasceu com força, mas que agora enfrenta desafios para cumprir o que prometeu.
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